Fazenda urbana BeGreen, no Boulevard Shopping, comemora três anos de funcionamento

Com foco em diminuir as distâncias entre o produtor e cliente final, ser sustentável e produtivo gerando, menos lixo sem prejudicar o meio ambiente a startup Be Green lançou em fins de maio de 2017, no Boulevard Shopping, a primeira fazenda urbana da América Latina. Seguindo o conceito farm to plate (da fazenda para o prato), ao instalar a estrutura de produção em um centro urbano, evitando a baldeação das hortaliças entre o campo,o centros de distribuição, supermercados e entregadores.

A Be Green Fazenda Urbana ocupa uma área de 2.700 m², com uma estufa de 1.500 m² e capacidade para produzir até 50 mil pés de mini-alfaces, temperos e ervas por mês. Além da estufa, o projeto contempla um  hortifrúti de produtos agroecológicos  e um restaurante de alimentação saudável pioneiro no conceito “do campo à mesa” no Brasil.

O projeto funciona na área externa ao shopping onde funcionaria um estacionamento aberto e, além da produção de hortaliças livre de agrotóxicos, traz um conceito alicerçado na sustentabilidade e na produção em consórcio entre peixes e hortaliças. mensalmente, a fazenda produz 40 a 50.000 mil pés  ou cerca de 2,5 toneladas de alfaces babys e ervas. O processo de aquaponia, utilizado no plantio, permite que os peixes nos tanques gerem nutrientes para as hortaliças e a água serve também para a irrigação da estufa. A produção é 28 vezes mais eficiente que no método tradicional e gasta 90% menos água.

Um dos atrativos dos produtos da Be Green é a embalagem que mantém as hortaliças com a raiz e água, permitindo que fique até sete dias fora da geladeira. Isso faz com que o desperdício caía em até 80%.

O sucesso em BH levou a Be Green a se expandir e nova unidade foi instalado no Rio de Janeiro e outra dentro da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, considerada a primeira fazenda urbana inserida em um complexo industrial no mundo.

Enquanto experiência didática o Sebrae Minas recentemente conversou com Giuliano Bittencourt, CEO e cofundador da fazenda, sobre consumo sustentável e inovação com base no conceito de sustentabilidade urbana. Abaixo transcrevemos a entrevista, confira:

A BeGreen é a primeira fazenda urbana da América Latina, ou seja, uma ideia totalmente inovadora por aqui. Quais tendências de consumo e comportamento deram a você e ao Pedro (cofundador) a certeza de que era uma aposta que valia o investimento aqui no Brasil?

Acho que foram duas questões: a tendência e o problema. A tendência é passageira, a necessidade não. O primeiro ponto que identificamos é que quase 70% de tudo o que é produzido no Brasil é desperdiçado. Tomate, rúcula, beterraba, agrião, alface, todos esses produtos perecíveis são desperdiçados na cadeia logística do Brasil. O produtor leva ao entregador, que leva ao Ceasa ou ao Ceagesp, por exemplo, que, por sua vez, distribui para os supermercados e, dos supermercados, para nossas casas. Essas hortaliças têm vida útil bem baixa e, por serem produtos frescos, não podem ser tão transportadas. Nesse sentido, é um desperdício enorme porque a produção está longe do consumo. Em um país em que quase 40 milhões de pessoas tomam apenas uma refeição por dia e que produz 150 vezes mais a quantidade necessária de alimento, esse desperdício não faz sentido algum. Então, foi por um problema que a Be Green surgiu.

Já a tendência, que vem se mostrando cada vez mais presente e já deixou de ser apenas tendência, é a mudança do hábito de consumo das pessoas. Os millennials querem saber de onde vem a comida, estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, por produtos saudáveis, por orgânicos, o que não ocorria na geração anterior, a dos baby boomers.

As marcas  presentes no mercado há 30, 40 anos, estão  modificando suas linhas de produto para atender a essas necessidades. Recentemente, as grandes empresas de proteína do Brasil e do mundo começaram a se adaptar aos hambúrgueres veganos.  Exemplo: a Unilever comprou a Mãe Terra porque não tinha um snack saudável e orgânico dentro de sua linha de produtos, e é possível ver redes como Shake Shack, nos Estados Unidos, ou o Madero, no Brasil, surgindo como alternativas de fast food com histórias por trás de seus hambúrgueres, com fazendas que produzem para a própria rede. Isso tudo mostra que, de fato, as pessoas estão se importando mais com aquilo que compram. Não é mais só pelo preço ou pela comodidade. E tudo isso corrobora com o que fazemos na Be Green: nós produzimos e entregamos para o consumidor.

Apesar de comercializarem produtos, vocês também se definem como uma empresa de educação. Como são essas atividades?

Nascemos para ser uma empresa de hortaliças dentro da cidade, reduzindo o desperdício, não utilizando agrotóxico, diminuindo o consumo de água e controlando a produção, de maneira que o metro quadrado seja mais produtivo. Para isso a Be Green nasceu. Mas quando nos instalamos dentro do Boulevard Shopping, em Belo Horizonte, vimos que a demanda das escolas era latente, querendo mostrar a seus alunos como é uma produção de hortaliças. Daí, vimos que tínhamos o DNA de ensinar e que era natural do nosso trabalho conscientizar as pessoas em relação à produção de hortaliças de maneira sustentável. Começamos a receber visitas e hoje, tanto em BH quanto no Rio de Janeiro, oferecemos uma experiência educacional para crianças, além da produção de hortaliças, que continua a ser nosso main business.

Temos todo um percurso educacional, que vai dos 3 aos 18 anos, e cada idade tem um conteúdo programático para estudar dentro da Be Green, além de biólogos e monitores que educam essas crianças. No Rio, também há uma experiência em laboratório.

A inovação está no modelo de negócios, no core business da Be Green. Mas como vocês levam inovação ao dia a dia de gestão e operação da empresa?

Acredito que inovação não é reinventar a roda, mas fazer com que a roda gire mais rápido e sem fricção. Olhamos para os processos antigos e tentamos melhorá-los diariamente, dado o propósito da Be Green. É algo muito mais centrado no que podemos fazer melhor para o meio ambiente e para o mundo do que uma tentativa de reinventar a reutilização de água ou a embalagem, por exemplo. Não. Nossa inovação é sempre no sentido de não impactar mais o meio ambiente.

Vocês têm investido em novas tecnologias?

Nossa tecnologia é interna. Nossas estufas são todas monitoradas: temperatura, umidade, PH, condutividade, luminosidade. Monitoramos e atuamos no ambiente da estufa para que as hortaliças cresçam de forma mais saudável possível. Aí, nesse sentido, temos tecnologia de produção indoor, com LED, rodando dentro de uma unidade nossa na Mercedes Benz. Não é uma tecnologia para vender, mas para uso próprio.

Acreditamos que a tecnologia não é fim, é meio. Nosso fim é ter hortaliças mais sustentáveis, mais saborosas e a experiência educacional totalmente ligada aos novos skills que as escolas estão buscando, que é algo menos expositivo e mais experimentativo.

A ideia da Be Green surgiu depois de uma visita sua à fazenda urbana do MIT, certo? Qual a principal diferença entre o modelo que você viu lá e o que desenvolveram aqui?

O modelo da Be Green é único no mundo. Existem outras fazendas urbanas, mas nenhuma dentro de shopping center e, mais do que isso, nenhuma focada em educar e transmitir sustentabilidade para os consumidores. A maioria das fazendas urbanas fora do Brasil está focada em aumento de produtividade unicamente. Nós, além da preocupação com produtividade, estamos empenhados em nos tornarmos mais sustentáveis todos os dias.

O que você aconselha aos empreendedores que buscam trabalhar com sustentabilidade em grandes centros urbanos?

Eu procuraria entender quais são os problemas reais, mais do que qual é o meu problema ou o seu problema. Por exemplo, aqui em BH estamos convivendo, nos últimos dias, com a questão das enchentes. Isso é um problema real, não um problema que afeta meia dúzia de pessoas, mas uma população inteira. “O que eu posso fazer para solucionar esse problema?”

Mas não gosto muito de dar conselhos; prefiro falar da experiência que eu tenho enquanto empreendedor da Be Green. Acho que vale olhar para a história da Be Green, que nasceu em função do problema de desperdício de alimentos, um problema real e gigante. Não conseguimos endereçar todo o problema, mas uma parte dele. Mas é por aí, ou seja, olhar para o problema, identificá-lo e criar uma solução.

O processo de empreender é desgastante, solitário e que leva tempo, pelo menos de 5 a 7 ou 10 anos, no mínimo. Uma vez estava em uma aula de pós-graduação, e o professor de sustentabilidade disse que o negócio sustentável é um negócio perene, build to last, feito para durar, e não para ganhar. Nunca me esqueci disso!

Hortas comunitárias

As hortas comunitárias têm o papel de produzir alimentos através do trabalho voluntário da comunidade. Além da produção de alimentos para o consumo próprio, as hortas comunitárias oferecem vários benefícios ambientais, sustentáveis e educacionais, promove a interação das pessoas com a natureza através de práticas que proporcionam benefícios físicos e mentais, bem como a possibilidade de renda pela comercialização de seus produtos ou mesmo na economia financeira de não ter de comprar essas hortaliças.

As hortas comunitárias são espaços de cultivo que oferecem inúmeros benefícios para uma determinada comunidade. Dos mais importantes, destacam-se os seguintes:

  • O cultivo de alimentos sempre frescos e à mão de semear. Os alimentos não necessitam de percorrer vários quilómetros para chegar à mesa de uma família ou de uma comunidade, nem precisam de esperar muito tempo para serem consumidos.
  • A produção de legumes e vegetais para o consumo de escolas, instituições ou famílias de baixos rendimentos.
  • A melhoria da qualidade da alimentação de uma dada comunidade com o consumo de produtos frescos e naturais.
  • A possibilidade de ocupar os cidadãos desempregados que moram nos centros urbanos, reduzindo os custos com a mão-de-obra.
  • A redução das despesas com a alimentação.
  • A hipótese de colocar as mãos na terra e desenvolver uma atividade relaxante que liberte o stress do dia-a-dia.
  • A possibilidade de contribuir para a beleza natural e para o desenvolvimento de uma região em um espaço que, possivelmente, estaria abandonado e subvalorizado.
  • A construção de um espaço de convívio e de aprendizagem mútua. Estes espaços são constituídos como locais de formação para jovens e crianças, pois vão fazer com que valorizem e desenvolvam uma maior consciência ambiental.
  • A requalificação e a renovação da paisagem urbana e a contribuição para os projetos de inclusão social.

Exemplos  belorizontinos  relacionados a Hortas Comunitárias  e a agricultura Urbana

Lote remanescente da duplicação da Antônio Carlos  vira ‘Quintal do Sô Antônio’.

Quintal do Sô Antônio

Por iniciativa da atriz e produtora musical Cida Barcelos transformou – com a ajuda de moradores e comerciantes da região – um terreno entre a avenida Antônio Carlos e a rua Francisco Soucasseaux em “Quintal do Sô Antônio”. “Era uma área abandonada, pertencente à Prefeitura de Belo Horizonte, hoje reconhecido pela PBH,  e incluindo no “Adote o Verde”. O local é motivo de orgulho. “Pode observar que  ninguém tem uma esquina mais bonita que a nossa”, afirma a aposentada Jane Botelho vizinha do local.  .

Horta Comunitária Jardim Produtivo

O Jardim Produtivo é uma experiência de horta comunitária produtiva que deu certo na cidade iniciado em 2008 em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte, a horta foi estruturada em um terreno de 3.500 metros quadrados pertencente à prefeitura anexo ao conjunto habitacional Pongelupe no Barreiro. No início vinte e sete famílias do entorno participaram do curso de capacitação que deu início à horta. Hoje hortaliças são vendidas a um preço único: R$2, para os vizinhos. A partir de 2010, os agricultores que antes compartilhavam plantio e colheita optaram por um esquema de canteiros individuais, com o lema “Ninguém mexe no canteiro do outro.” A demanda, segundo os agricultores, é sempre superior a produção.

I Encontro Itinerante das Hortas Comunitárias de Belo Horizonte e Agroecologia

No dia 30 de novembro de 2019 aconteceu o I Encontro Itinerante das Hortas Comunitárias de Belo Horizonte e Agroecologia, no Aglomerado Barragem Santa Lúcia.  O segundo encontro proposto para 2020 ainda não se realizou devido a pandemia do coronasvírus. O objetivo do Encontro foi contribuir para a interação e relações entre os agricultores de hortas comunitárias de Belo Horizonte, cultivada sem agrotóxicos, e para a formação de uma rede de hortas comunitárias agroecológicas. Participaram deste encontro representantes da Horta Agroflorestal da Vila Acaba Mundo, da Horta Bela Vista, da Horta Encantada, da Horta Escadão Agroecológico do Esplanada, da Horta Lá de Casa, da Horta do Taquaril, da Horta Morro Verde do Morro das Pedras e da Horta Comunitária Esperança.

Ações Institucionais

A subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional da PBH através da Gerência de Fomento à Agricultura Familiar e Urbana e promove parcerias com 247 projetos de agricultura urbana na cidade, classificados em:

Sistemas Agroecológicos Escolares, são 163 projetos – UMEIS , escolas municipais e creches conveniadas onde as responsáveis são em sua maioria as cantineiras da rede municipal e os professores da escolas. E este número pode ser maior se computado as iniciativa dos colégios particulares.

Sistemas Agroecológicos Institucionais, são 47 projetos localizados em equipamentos públicos, que vão deste a um posto de saúde, asilos, a campo de futebol e compreende o conjunto de equipamentos que não são da área da educação.

Horta do Centro de Saúde Alcides Lins

Sistemas Agroecológicos Coletivos, são 37 projetos desenvolvidos em terrenos próprios da Comunidade.

Outra ação importante de atuação institucional da cidade e a Emater que oferece oficinas públicas e gratuitas  para o plantio de hortaliças em espaços alternativos e a utilização de recipientes de plantios tipo pneus, garrafas, caixotes, pets e outros materiais recicláveis.  Outra iniciativa do órgão e a parceria nas ações do Programa Hortas Escolares e Comunitárias da Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional da PBH, onde a entidade entra com o apoio tecnológico, palestras nas escolas e doação de sementes.

 De acordo com a  Emater,  em BH  o órgão  atua, desenvolvendo projetos de incentivo à agricultura urbana em 98 escolas públicas municipais e 11 estaduais e, apoio a 69  hortas familiares de comunidades.

Iniciativas e encontros e ações institucionais  como essas demonstram que em Belo Horizonte a agricultura urbana na capital tem raízes que vão desde a origem da cidade e produz muito mais alimentos do que as pessoas imaginam.